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Unidade Prisional de Ceres é destaque em Goiás
Segurança Pública

A Unidade Prisional de Ceres está de cara nova. Em dois anos a unidade passou por várias reformas, ampliou a sua capacidade, montou uma sala de aula informatizada e uma biblioteca, e criou diversos projetos em parceria com a Prefeitura de Ceres que beneficiam não só a ressocialização dos reeducandos, mas também ajudam na manutenção da infraestrutura da cidade.

As boas práticas executadas pela unidade renderam a ela o prêmio Tempo Virá da Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (SAPeJUS) em 2013. O resultado do trabalho desenvolvido nos últimos dois anos também pode ser visto na redução de um dos números que mais cresce e assusta o Brasil: o da reincidência criminal. Em 2012, 84% dos presos da unidade voltavam a praticar crimes. Já em 2014, esse número caiu para 23%, um quantitativo bem menor que a média nacional, que é de 66%.

Há pouco mais de dois anos na direção da unidade, Guilherme Vieira conta que assumiu a gestão no final da primeira reforma que foi realizada no local. “Cheguei aqui e só tinha seis celas com quatro vagas, ou seja,  somente 24 vagas. Nesta primeira reforma conseguimos dobrar o número de vagas e, nessa última, realizada em setembro do ano passado, conseguimos ampliar para 139”, destaca o gestor.

As obras, segundo explica Vieira, foram muito além da carceragem. A reforma da fachada, cozinha, do banheiro para visitantes e a construção da sala de aula informatizada na unidade também foram feitos na nova gestão e é fruto do trabalho dos presos e do apoio da comunidade. “Tudo que é feito aqui dentro é com a mão de obra dos reeducandos.O dinheiro nós conseguimos com o Conselho da comunidade, com o Judiciário, Ministério Público e Prefeitura de Ceres, mas nós também recebemos doações.  A lousa da sala de aula, por exemplo, foi doação”, ressalta ele.

Educação em primeiro lugar

Uma das maiores vitórias conquistadas pela unidade, de acordo com o diretor, é  a construção de uma sala de aula e biblioteca adequada para os presos, que antes recebiam o ensino numa varanda improvisada. “Nós tivemos o apoio da Secretaria Estadual de Educação e da Secretaria Municipal de Educação de Ceres. Hoje temos uma biblioteca com mais de cinco mil livros e uma sala de aula climatizada com computadores”, comemora o diretor.

No local são ministradas aulas de alfabetização e do Pronatec. Mas a educação dos apenados promete melhorar ainda mais. A Unidade Prisional de Ceres será a primeira do Estado de Goiás a construir uma escola padrão século XXI dentro dos muros de um presídio com verba proveniente do governo federal. A estrutura vai contar com duas salas de aula climatizadas, administração, dois banheiros, cozinha e pátio coberto. A inauguração está prevista para o final do primeiro semestre desse ano.

A importância da educação para a população carcerária é ressaltada por uma pesquisa realizada na Unidade Prisional de Ceres que aponta que 15% dos presos são analfabetos, 68% deles tem o ensino fundamental incompleto e 85% não tem formação profissional específica. A falta de formação, segundo o diretor da unidade, é responsável por levar a pessoa a ter subempregos e até a voltar a cometer delitos.

Para Vieira, oferecer capacitação para essa população é prevenir a reincidência e também uma forma de tentar corrigir uma falha social, já que muitos deles só recebem a oportunidade de estudar dentro do presídio. “Uma vez um preso com alvará de soltura em mãos me pediu para ficar no presídio para ele terminar o curso de alfabetização, porque ele queria ler e escrever o nome dele. Ele disse que na rua ele não tinha essa oportunidade”, lembra o diretor.

Projetos inovadores

Além de fazer com que a unidade seja a primeira a construir uma escola dentro de um presídio em Goiás, Guilherme Vieira também ousou propor projetos inovadores para ajudar a cidade de Ceres. “A prefeita estava com dificuldade em arranjar mão de obra para o recapeamento e aí tivemos a ideia de firmar uma parceria”, conta.

A parceria com a Prefeitura rendeu dois projetos que trabalham a infraestrutura do município. O primeiro deles foi o Ceres bem cuidada, que levou os reeducandos para as ruas da cidade para fazer o recapeamento asfáltico. “É um projeto inovador, pois não existe um lugar em Goiás com presos trabalhando nas ruas. Mas tudo é feito com toda a segurança. Fazemos uma triagem com os presos e só os que têm bom comportamento e algum vínculo com Ceres podem participar. Em dois anos de projeto, não tivemos nenhum incidente”, garante o diretor da unidade prisional.

Depois do sucesso da empreitada, o projeto foi ampliado e os presos agora também fazem a reforma de prédios públicos, poda de árvores, pintura de meios-fios e diversos outros serviços. O cemitério municipal, o corpo de bombeiros, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Flor do Cerrado, a APAE, e diversos outros locais usaram da mão de obra dos reeducandos para realizar as suas reformas.

Outro projeto que tem feito a diferença em Ceres é o Cimentando a Liberdade, onde os presos produzem artefatos de concreto que são usados na  construção de vias na cidade. Eles chegam a produzir 1,2 mil bloquetes por dia. “Eles ganham pelo trabalho e a cidade também ganha, já que o custo do calçamento das ruas diminui 30% com esse projeto”, assegura Vieira.

O diretor também comenta que os presos recebem cursos de capacitação para os trabalhos que serão executados, tem a pena reduzida e ainda ganham o seu dinheiro honestamente. “Eles saem daqui com os certificados dos cursos e para cada três dias de trabalho, um dia a menos na prisão. Já o dinheiro ele só recebe quando sai ou , quando ele tem família, ela resgata o dinheiro.”

Para a reeducanda Sheila Lemes do Prado, que está há 1 ano e 7 meses na Unidade Prisional de Ceres, os cursos e projetos desenvolvidos por lá a tem ajudado a mudar de vida. Depois de aprender a fazer rosas de crochê dentro do presídio, numa parceria com uma igreja local, ela agora confecciona e vende tapetes. “Por enquanto o dinheiro que ganho eu compro mais material para investir. Isso ajuda a passar o tempo e quero continuar fazendo isso quando sair, mas também quero um emprego formal”, planeja ela. 

 

- Site da Prefeitura Municipal de Ceres