
“A semente abriga o embrião da planta, por isso é preciso quebrar a dormência pra ela germinar, assim como a gente também precisa despertar para novas possibilidades”. O depoimento poético e emocionado é da cabeleireira Maristela de Fátima Pereira, moradora de Alto Paraíso de Goiás, que descobriu um mundo novo de possibilidades depois de fazer o curso de Viveiricultura do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Ela concluiu o curso na última semana, na cidade.
id="attachment_219809" class="wp-caption alignleft" style="text-align: justify;">Segundo Maristela, o que mais chamou a atenção dela durante essas aulas foi esse preparo e cuidado com todo o processo. “Eu já gostava de mexer com plantas e quando soube do curso aqui na cidade resolvi fazê-lo. As aulas foram maravilhosas, ficamos apaixonados pela natureza, pela descoberta de novas sementes”, revela.
E essa realidade é uma aposta do governo, em suas três esferas de alcance, incluindo aí, também, a sociedade civil organizada. O Pronatec conta com diversos ofertantes em Goiás, sendo o Governo do Estado, pela Rede de Educação Profissional da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sectec), um de seus principais agentes de promoção, em parceria também com o Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Sistema S – como um todo – e os Institutos Federais de Tecnologia, que têm trabalhado para mudar a realidade educacional no Estado, especialmente no campo.
“A qualificação profissional é uma demanda em todas as áreas de prestação de serviço e aí, também, se inclui o trabalhador rural. Ele precisa do conhecimento técnico para operar máquinas e lidar com saberes de sua cadeia produtiva”, explica o técnico adjunto e coordenador do Pronatec no Sistema Faeg Senar, Guilherme Bizinoto. “Trabalhamos com diversos parceiros nos municípios, como prefeituras e sindicatos rurais, para atender corretamente a demanda de cada região. Cada particularidade é respeitada”, analisa.
Adubo certo para mudas específicas
id="attachment_219570" class="wp-caption alignright" style="text-align: justify;">Segundo o gerente de Educação e Trabalho da Sectec e coordenador do Pronatec na Rede Estadual de Educação Profissional, João Batista Peres Júnior, só o Governo do Estado absorve a demanda por qualificação de cerca de 150 municípios goianos e que, somados às vagas dos outros agentes, é garantida a oferta de cursos em praticamente todas as cidades de Goiás. “Em relação à comunidade rural, Goiás está bem alinhado às diretrizes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Nos 11 territórios em que o Estado é dividido, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), temos tentado levar qualificação para o campo, no sentido de melhorar a educação, especialmente em assentamentos, comunidades kalungas e quilombolas”, argumenta.
Para a professora do programa, Magda Lima, que ministrou as aulas em Alto Paraíso de Goiás, onde Maristela foi aluna, é uma oportunidade ímpar de fazer a diferença na vida dessas comunidades. “Essa turma do curso de Viveiricultura foi minha primeira experiência no Pronatec, mas já fiquei muito grata e surpresa pelos resultados que alcançamos”, avalia. De acordo com Magda, que é bióloga e engenheira agronômica por formação, a vantagem de ser um grupo heterogêneo abriu possibilidades que vão muito além do ensino tradicional. “Essas aulas possibilitam que a gente possa tirar novas experiências da terra, em investir no empreendedorismo dessas comunidades e promover a inclusão social com base no contexto local”, considera.
Sementes que germinam e dão fruto
id="attachment_219789" class="wp-caption alignright" style="text-align: justify;">João Batista Peres Júnior, da Sectec, explica que um dos grandes desafios do programa ainda é o encaminhamento dessas pessoas já qualificadas para o mercado de trabalho. “O Estado, bem como os outros ofertantes, tem feito um trabalho excepcional de qualificação tanto no campo quanto na cidade. Só na Rede Estadual, que foi uma das pioneiras a aplicar o Pronatec no País, desde 2012 até agora já foram quase 40 mil vagas em cursos disponibilizados para toda a população. E agora, temos o desafio de dar novas oportunidades para essas pessoas”, sistematiza. Ele argumenta que já foi iniciado, em conjunto com a Secretaria de Estado de Cidadania e Trabalho, estudos e encaminhamento desses profissionais para novos empregos. “Estamos trabalhando para fechar o ciclo e já temos colhido bons frutos desse trabalho”, salienta.
É o caso da própria Maristela, de Alto Paraíso. Depois de fazer o curso de Viveiricultura e aprender a fazer mudas e organizar um viveiro, ela foi convidada por uma de suas clientes de cabeleireira a cuidar da horta do Colégio Estadual Moisés Nunes Bandeira. “Tomei conhecimento que a horta da escola estava sem alguém para cuidar e, sabendo do meu aprendizado e da minha vontade de mexer com a terra, combinamos de eu tocar o projeto”, conta. “Vamos usar o fim desse ano para preparar a área e já iniciar 2015 plantando novas mudas e dando nova vida para o projeto”, enfatiza a nova cultivadora de mudas, que inclusive terá um jovem aprendiz com ela, o Matheus, de 15 anos. “Ele fez o curso comigo e vamos trabalhar juntos” – são mais novos frutos do programa.
id="attachment_219783" class="wp-caption alignleft" style="text-align: justify;">Solo fértil para outras possibilidades
Além do preparo e da requalificação dos trabalhadores do campo, o Pronatec também tem preparado campo fértil para que novas ideias germinem – dessa vez na cabeça dos mais jovens. Para o técnico adjunto do Sistema Faeg Senar, Guilherme Bizinoto, muitos jovens têm procurado fazer os cursos do Pronatec para conhecer a realidade das profissões e aprender novas práticas. “O Pronatec tem uma vantagem sobre outros cursos mais rápidos, por apresentar uma carga horária maior – 160 horas, no mínimo – o que dá um bom embasamento teórico, conjunto às aulas práticas, para os alunos do curso. Assim, conseguimos trabalhar melhor esse novo profissional”, acrescenta.
Foi assim com o estudante de 3º ano do Ensino Médio, Leonardo Pinheiro, de Anicuns, que terminou recentemente o curso de Inseminador Artificial. Ele conta que ficou sabendo das aulas na escola onde estuda – Colégio Estadual Rosa Turístico de Araújo – e que, como o pai tem uma pequena propriedade rural na cidade, começou a fazer os cursos para ajudar em casa. “Além desse curso de Inseminador Artificial, já fiz o de Doma Racional de Equinos e o de Casqueamento de Bovinos. Sempre aproveito o que aprendo para aplicar no dia a dia”, salienta o jovem. E o melhor, segundo ele, é que ele não quer parar, quer fazer outros cursos nessa área do campo. E isso tudo está servindo para fundamentar sua escolha para uma futura graduação em Zootecnia.
O gerente da Sectec, João Batista Peres Júnior, considera que essa realidade é um reflexo do que observamos na educação feita no campo e para o trabalhador rural. “Existe uma demanda grande em setores produtivos diversos em todo o Estado, desde a piscicultura, setores lácteo, do mel, entre outros, envolvendo agricultores, produtores, suas famílias e toda a comunidade. E esse pessoal tem procurado se qualificar”, pondera.
Sgundo Peres, para 2015 a tendência é de continuidade e crescimento para o programa. “Existe um mapa de demandas qualificadas, desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, disponibilizadas a todos os ofertantes. E todo o sistema já está sendo determinado a partir daí”, considera. A expectativa – cultivada por todos aqui ouvidos – é que a terra seja apta a não só dar bons frutos, mas germinar novas árvores de conhecimento.
Mais informações sobre o Pronatec:
Governo Federal: pronatec.mec.gov.br
Rede Estadual de Educação Profissional – Gerência Especial de Educação e Trabalho: (62) 3201-3241 - www.pronatec.sectec.go.gov.br
Sistema Faeg Senar: (62) 3096-2200 - www.sistemafaeg.com.br
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