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Ensino especial para pessoas especiais
Educação

Investimento em formação continuada e o desejo de alcançar um ensino que prime pela diversidade e igualdade de direitos em sala de aula, formando cidadãos que saibam conviver entre si respeitando diferenças. Essas são as bases para o desenvolvimento da educação inclusiva ou educação especial preconizada em Goiás. Por meio dela, atualmente, 9.117 alunos com alguma espécie de deficiência são atendidos e auxiliados por profissionais especializados em mais de mil escolas da Rede Pública Estadual de Ensino.

A educação inclusiva atende alunos que possuem deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e demais necessidades especiais transitórias e/ou permanentes, contribuindo para o desenvolvimento de suas potencialidades junto às salas de aula do ensino regular. Ela atua de forma a inserir esses alunos especiais em salas de aula cujos alunos não possuem nenhuma espécie de deficiência.

Em Goiás a educação inclusiva é desenvolvida por meio do Programa Estadual de Educação para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva (Peedi), e é coordenado a Gerência de Ensino Especial, da Secretaria de Estado da Educação (Seduc-GO). Essa gerência coordena a ação pedagógica desenvolvida nas salas de aulas comuns junto aos estudantes com necessidades especiais e atua também em atividades no contraturno (horário oposto ao turno regular de aula do estudante), nas chamadas salas de recursos pedagógicos. Além disso, essa gerência também oferece suporte ao aprendizado na rede estadual a partir da Rede de Apoio à Inclusão (Reai); dos Centros de Atendimento Educacional Especializado (CAEEs), e de outros quatro núcleos de atendimento a esses estudantes, onde familiares desses alunos e profissionais da rede pública também são atendidos.

Salas diversas e heterogêneas

A gerente de Ensino Especial da Seduc, Lorena Carvalho, afirma que, respaldados pela lei e pela ciência, educadores de um modo geral, acreditam que alunos com necessidades especiais possuem potencial e se beneficiam muito com a convivência com outros que não as possuem, e esses também se beneficiam no convívio com os especiais. De acordo com Lorena Carvalho, por meio da formação continuada aos profissionais da Rede de Apoio e Inclusão, um trabalho que fora iniciado timidamente em poucas escolas, ainda no ano 2000, hoje já se estende por todas as escolas do Estado. “A educação inclusiva possui hoje representantes em todas as regionais de educação do Estado”, afirma ela. A Rede de Apoio à Inclusão é formada por uma equipe multiprofissional composta por assistentes sociais, fonoaudiólogos,psicólogos, intérpretes e instrutores, e pelos professores de Atendimento Educacional Especializado, os chamados AEEs.Um trabalho especial para pessoas especiais
Esses profissionais trabalham em sala de aula dando suporte aos professores e auxiliando no aprendizado e até mesmo na locomoção desses alunos, dentro e fora da sala de aula (e também desta para o pátio, ou até a cantina ou ao banheiro, bem como na entrada e saída da escola), além do apoio prestado também durante a alimentação na escola. Extrapolando os limites da sala de aula, a atuação desses profissionais vai do apoio pedagógico e psicológico ao zelo de cuidadores. Eles orientam a comunidade escolar, as famílias e professores, sugerem a flexibilização dos currículos e a facilitam o acesso desses alunos à escola.

Jurcilene Nunes P. Oliveira é um desses profissionais. Ela é psicopedagoga e professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) no Colégio Estadual Waldemar Mundim, no Conjunto Itatiaia, em Goiânia. A escola atende a 25 alunos especiais semanalmente. “Não se trata de um trabalho de reforço escolar, mas de um trabalho voltado para uma questão amplamente cognitiva. Temos aqui alunos que, mesmo tendo um grau de comprometimento intelectual acentuado, evoluíram muito conosco, são alunos que chegaram aqui derrubando mesas e equipamentos sobre nós e que hoje possuem um comportamento exemplar dentro e fora de sala de aula (do ensino regular)”.

Esse atendimento para alunos especiais acontece sempre de duas a três vezes por semana. No caso do C.E. Waldemar Mundim, esses alunos ficam durante todo o dia na escola. Esse é, por exemplo, o caso do estudante Lucas Pasqualino, de 18 anos, que possui baixa acuidade visual. Ele cursa o segundo ano do Ensino Médio. ”Aqui, faço minhas tarefas, aprendo por meio de jogos e brincadeiras, e produzo meus textos de forma bem mais rápida”, diz ele. Na escola Lucas também tem todo o suporte auditivo e, por meio de audição de CDs no computador, afirma aprender de forma muito mais rápida a maior parte das disciplinas.

Wellington Oliveira Nascimento da Cruz tem 20 anos e é aluno do terceiro ano do Ensino Médio na mesma escola. Ele possui deficiência visual e também um certo grau de comprometimento intelectual. Na sala de recursos pedagógicos, Wellington passa tardes tranquilas e permanece calmo ouvindo músicas, livros e peças teatrais pelo computador.

De acordo com a professora Jurcilene Nunes, longas conversas com as turmas que recebem esses alunos são necessárias antes da chegada deles em sala. Segundo ela esses diálogos são fundamentais para evitar situações de bullying, bem como discriminações de qualquer espécie. “Nossas salas de aulas com alunos especiais tendem a estar sempre entre as melhores em termos de comportamento e desempenho dos alunos porque há, entre eles, a compreensão de que o colega precisa de determinada condição para aprender. Salas com alunos que possuem certo grau de comprometimento intelectual, por exemplo, geralmente são as mais silenciosas e o desenvolvimento geral da turma acaba sendo excelente, isso ocorre porque os demais alunos já compreendem, por meio de nossa orientação, que o colega especial não pode conviver com excesso de barulho e agitação ao seu redor”, explica ela.

Valquíria Augustinha de Deus (na foto principal desta matéria) tem 34 anos e também é aluna do (AEE). Ela cursa o segundo ano do Ensino Médio e afirma ter se desenvolvido bastante desde que começou a frequentar as aulas especiais. “Esta foi a melhor escola onde já estudei, aqui aprendo muitas coisas e já consigo até escrever bem mais rápido.”

Mais informações: (62) 3201-3004

- Goiás Agora