
Da timidez da infância às apresentações públicas. Esta foi a transformação de Joelma Coelho Leite após mergulhar no mundo das bandas marciais. Hoje, aos 26 anos, ela relembra que iniciou, apenas por curiosidade, na banda da escola estadual Severiano de Araújo, localizada na região Noroeste de Goiânia, onde estudava. Na época, com 8 anos de idade, apaixonou-se pela dança na banda e não largou mais. Atualmente é professora contratada pela Secretaria Estadual da Educação e atua na escola em que é ex-aluna, além de participar da Ciranda da Arte, também da Seduc.
Na infância, Joelma conta que era introspectiva e tinha a autoestima baixa. Com a mãe doente e o pai trabalhando o dia todo para sustentar a família, ela ficava muito tempo sozinha e ainda vivia com o sentimento de não saber como ajudar os pais. Ao fazer parte da banda, ela disse que todos esses sentimentos foram melhorando e aprendendo a lidar com os obstáculos da vida. “Com a banda, aprendi que todos somos capazes. Mesmo que não saibamos fazer algo, devemos insistir até aprender. De uma garota tímida me tornei uma pessoa comunicativa. Foi uma oportunidade que mudou o rumo da minha vida”, revela. Agora Joelma ministra aula de dança para 38 alunos, na faixa etária entre 6 e 25 anos. “A banda marcial é um verdadeiro resgate das crianças e jovens. Eles se mantêm ocupados. Tira muitos da marginalização. Ainda, o aluno aprende limites, respeito, coordenação motora e social”. Ela explica que durante as aulas promove-se também a interdisciplinaridade, ensinando geometria e história, por exemplos, dentro da arte.
Apresentações
O regente da Banda Marcial Severiano de Araújo, Alrison Rodrigo de Bessa, informa que as apresentações das bandas marciais são realizadas durante datas comemorativas nas escolas e em eventos da cidade, em teatros, concursos e festivais. Alrison é professor contratado da Seduc e regente da banda marcial da escola estadual Severiano de Araújo, da Vila Mutirão. Coordenando mais de 100 alunos, entre comissão de frente (dança) e banda, ele explica que os alunos ensaiam nos intervalos do período matutino para o vespertino e também aos finais de semana. Atualmente, a Seduc conta com 390 bandas marciais de escolas estaduais, sendo 30 em Goiânia. São formadas, preferencialmente pelos estudantes das escolas, mas quando há vagas, a comunidade também pode participar.
Benefícios
O jornalista João Luís Côrrea Batista coordena projeto voluntário com as bandas marciais nas escolas estaduais. Atualmente, ele está a frente do Colégio Lyceu de Goiânia, com o objetivo de resgatar o tradicional projeto de música que a unidade educacional possui há mais de 50 anos. É regente da Banda Marcial Lyceu Nova Aliança, que também conta com a participação de mais três escolas estaduais que não contavam com projetos de música.
Para João, a banda marcial tem um papel importante na sociedade, pois inclui o aluno e sua família. “Você ensina o jovem a ter compromisso voluntário. A música mexe com a alma das pessoas, mexe tanto no sentimento, na autoestima, que na maioria das vezes, se existe a possibilidade de o aluno evadir da escola, ele permanece. E hoje, 90% dos professores que me auxiliam nessas escolas foram meus alunos da periferia que não tinham perspectiva de vida. São concursados, formaram e sustentam suas famílias”.
Segundo João, a média de idade de alunos que começam a ingressar nessas bandas é a partir dos 12 anos. “Não há uma idade limite. Às vezes, tem pais de alunos que querem aprender e os recebemos da mesma forma”, diz.
Amor & música
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Banda Marcial da escola José Lobo. Foto: Sesc
Muitos destinos foram transformados depois de passar pelas bandas marciais, mas não só profissionalmente como aconteceu com Joelma que da paixão fez profissão. No caso de Ladyany Silva foi na banda que ela encontrou também o amor. Casada com Waldemar Brito Júnior, eles se conheceram na banda da escola estadual Severiano de Araújo. Tornaram-se amigos, namoraram e casaram.
Eles continuam na banda marcial. Ela com o trompete, ele com a tuba (instrumento de sopro). “Eu me apaixonei pela música. Atualmente é um hobby, mas ainda pretendo trabalhar com isso”, diz Ladyany. E completa “não consigo parar”.
Bandas marciais
As bandas marciais são formadas por músicos com instrumentos como trompete, trombone, trompa, entre outros. A música geralmente inclui um ritmo forte, adequado à marcha. Há também o corpo coreográfico nas bandas marciais, que compõe a chamada Linha de frente e geralmente vem acompanhado da baliza, pelotão cívico e situa-se entre os músicos da corporação.
Goiás Agora