
Além de estimular as pessoas a se tornarem doadores e a divulgarem entre os familiares essa decisão, a campanha também foca na família, a quem cabe a última palavra sobre a doação dos órgãos.
O aposentado José Amaro caminha tranquilo pelas calçadas de Brasília. Mas, há alguns anos, a realidade dele era outra. Na fila para transplantes, à espera de um rim, ele trocava os passeios a pé por sessões de hemodiálise, três por semana, com duração de quatro horas cada uma. O rim novo ele recebeu em 2011. Hoje ainda toma alguns cuidados. A garrafinha de água está sempre por perto, mas o aposentado garante: a qualidade de vida melhorou, e muito. Apesar de não conhecer a família da pessoa que doou o órgão para ele, o sentimento é de gratidão. "Eu gostaria de conhecer para mim agradecer".
O médico Rômulo Maroccolo, chefe do Centro de Transplantes do Hospital Universitário de Brasília, explica que a decisão da família é fundamental porque a palavra final sobre doar ou não é sempre dos familiares. "No momento da entrevista para doação, a pessoa já faleceu. Quem vai decidir são os familiares. Então, os familiares têm que estar conscientes e informados do desejo dessa pessoa".
Segundo o Ministério da Saúde, 56% das famílias que possuem algum parente em situação de morte cerebral, uma situação irreversível, onde os órgãos se mantêm funcionando apenas com ajuda de aparelhos, autorizam a retirada dos órgãos para doação, mas o governo acredita que esse número pode ser maior. Por isso lançou uma campanha de conscientização. Nessa campanha, produzida pelo Ministério da Saúde, o enfoque é na importância do doador deixar ciente os familiares sobre a decisão de doar os órgãos, caso aconteça alguma fatalidade. Durante o lançamento da campanha, foram apresentados alguns dados sobre transplante no Brasil. Números do primeiro semestre desse ano apontam que existem 37.700 pessoas na lista de espera por um órgão. Em 2008, eram quase 65 mil. Essa queda de 41% está associada ao número de doadores efetivos no país. Enquanto em 2008 eram 1350, em 2013, ultrapassou os 2500. Só esse ano, no primeiro semestre, foram realizados mais de 11 mil transplantes. Desse total, 6600 de córnea, 3700 de órgãos sólidos, como coração, fígado e rim, e 965 de medula óssea. O ministro da Saúde explica ainda que a rede pública de saúde está preparada para realizar mais transplantes do que faz hoje, só precisa ter mais doadores. "O nosso limite não está na realização de cirurgias, não está no fornecimento de medicamentos. Não é aí que esbarra. Hoje, esbarra exatamente na doação de órgãos. Por isso a importância da campanha".
O Ministério da Saúde também anunciou a extensão de uma parceria com o Facebook. A ideia é divulgar a decisão de uma pessoa de ser doador de órgãos por meio da rede social. Para isso, basta acessar a página da campanha no Facebook. O endereço é www.facebook.com/doaçãodeorgaos.
A voz do Brasil 24/09