
No fim de 2014, Mariza fez um curso intensivo de 40 dias e aprendeu a fazer corte, escova, relaxamento, entre outros procedimentos capilares. Mas para ser ‘dona do próprio negócio’ e montar o salão de beleza com que tanto sonhava ela precisava do essencial, dinheiro.
Quinze dias depois de buscar ajuda no Banco do Povo, conseguiu um empréstimo de R$6 mil e comprou móveis e produtos. Além de apresentar a documentação e cumprir os requisitos do programa, Mariza fez orçamento em três lojas antes da liberação dos recursos. Em comparação ao mercado financeiro em geral, as condições, segundo ela, foram bastante acessíveis – a taxa de juro é de 0,25% ao mês – e o empréstimo foi dividido em 36 meses. Ela está conseguindo honrar o compromisso.
Praticidade e facilidade
A microempresária Ana Maria de Paula, de 52 anos, também foi beneficiada pelo Banco do Povo. Já pegou três empréstimos, o último em abril deste ano no valor de R$5.250 que usou para comprar aproximadamente 400 metros de tecidos. Ana Maria tem uma confecção de roupas infantis que funciona dentro de casa. Ela corta os moldes e os envia para a costureira. Depois de prontas, as peças – camisas e macacões femininos e masculinos – são expostas nas Feiras da Lua e Hippie.
Ana Maria trabalha em casa com confecção infantil. Com o empréstimo terá maior lucro.
Foto: Arquivo Pessoal
Segundo ela, o dinheiro trouxe fôlego para o negócio. “Tenho que fazer a antecipação de todas as vendas parceladas que eu faço no cartão de crédito e, com isso, chego a perder 15% de lucro”, relata. O financiamento garantiu a compra da matéria-prima à vista e maior negociação. O desconto no preço do tecido chegou a 10% e o lucro dela neste mês ficará em torno de 25%. Além disso, ela conseguiu tecidos de melhor qualidade.
Depois de entregar a documentação solicitada, uma equipe doBanco do Povo foi até a casa de Ana Maria, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, fazer a visita in loco. Também foi preciso fazer orçamento do material em duas lojas e o mais barato foi contemplado. “Eu recomendo por ser muito fácil, prático e rápido, além de o juro ser baixo. Nas três vezes que peguei, me ajudou muito”, elogia.
MEI
Microempreendedor Individual é a pessoa que trabalha por conta própria e que se legaliza como pequeno empresário. Para ser um microempreendedor individual, é necessário faturar no máximo até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. O MEI também pode ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria.
Banco do Povo tem orçamento de 14 milhões
Para 2015, o Banco do Povo dispõe de orçamento de R$14 milhões. De acordo com a chefe do Núcleo Executivo do Fundo de Financiamento do Banco do Povo, Ana Cristina da Silva, após passar por um período de reestruturação nos últimos meses, os financiamentos foram retomados no início de março na capital e no último dia 13 nas cidades do interior. Do total de 246 municípios goianos, 186 contam com agências do Banco do Povo, incluindo a capital. O serviço pode ser ampliado para outras localidades, o que depende de interesse das prefeituras para que a parceria seja firmada com o Governo de Goiás.
Ana Cristina destaca que a gestão é descentralizada e, por isso, objetiva alcançar maior qualificação e treinamento dos agentes de crédito do Fundo. “Estamos traçando uma linha de trabalho diretamente com os coordenadores e agentes de crédito. Estamos dando todo o suporte inclusive com a parceria do Sebare para que possam prestar um serviço de excelência”, afirma.
Criada em 30 de março de 1999, a linha de crédito especial atua em duas frentes, apoiando aqueles que desejam ingressar no mundo do empreendedorismo ou que querem “alavancar” o negócio já em andamento. Em tempos de crise financeira, essa “mãozinha” significa muito. “Os nossos clientes são justamente as pessoas que têm dificuldade para obter empréstimos. Em outras agências e instituições o juro seria altíssimo”, compara.
Para coordenadora do Banco do Povo, programa contribui para crescimento da economia goiana.
Foto: Arquivo Pessoal
152 mil empregos
Ao longo desses 16 anos, foram assinados 100.559 contratos, totalizando o aporte de R$199 milhões e a geração de mais de 152 mil empregos na economia goiana. Em 2014, 3.827 contratos, ao custo de R$22,7 milhões, resultaram em 6.184 empregos. Do início de 2015 até agora, segundo balanço parcial, foram formalizados 123 contratos (R$ 806 mil) que representaram a contratação de 252 pessoas. “Muitas pessoas que trabalham no mercado informal entram para a formalidade o que gera arrecadação de impostos e impulsiona a economia. Embora seja um programa social, nós estamos ensinando o nosso cliente a pescar. O que o Estado está fazendo é impulsionar as pessoas que não têm tantas condições. Pessoas que abriram salões de beleza, pit dogs, quem está na zona rural, por exemplo, conseguiu comprar uma ordenhadeira mecânica, um pivô pra fazer horta, enfim, são muitas histórias interessantes e de sucesso”, pondera.
Os financiamentos variam de R$500 a R$ 10 mil, à taxa de juros de 0,25% ao mês. O pagamento pode ser parcelado em até 36 vezes. A média de espera, desde a solicitação até a liberação dos recursos, é de 15 dias. Diante dessas condições acessíveis, o programa de geração de empregos sustenta uma taxa de inadimplência considerada baixa – 4,5%. A Agência do Banco do Povo em Goiânia fica localizada na Avenida Anhanguera, nº. 5.311, no Centro de Goiânia.
Vantagens
Uma das principais vantagens é a praticidade e agilidade para ter acesso aos recursos, como aponta Ana Cristina. Entre os pré-requisitos estão morar no município há pelo menos três anos e ter habilidade na atividade pretendida. “O interessado deve procurar uma agência do Banco do Povo ou do Vapt Vupt e levar os documentos pessoais e comprovante de endereço, além de indicar o nome de uma pessoa para ser o avalista, que deve necessariamente apresentar a comprovação de renda. É um procedimento fácil. Em seguida, é feito um cadastro para saber se o solicitante tem restrições financeiras. Nós comprovamos as informações repassadas através da visita in loco, fazemos uma análise de risco e se ele estiver dentro dos critérios do nosso perfil, essa proposta é encaminhada para avaliação. Estando tudo certinho, aí liberamos o financiamento”, finaliza.
Fonte: Goiás Agora